CONSTITUIÇÃO DO ABDÔMEN
A parede do abdômen é constituída de uma série de camadas que envolvem e protegem os elementos que estão colocados no interior da cavidade abdominal. Se forem analisadas essas camadas observaremos, abaixo da pele, uma grossa camada, chamada de subcutâneo, que é constituída fundamentalmente de tecido gorduroso. Mais profundamente, encontramos três capas superpostas de tecido muscular. Esses músculos formam a parede muscular que permite o esforço de contração abdominal com compressão das estruturas profundas viscerais. No momento em que realizamos um determinado esforço, por exemplo, o esforço da defecação, esses músculos se contraem e comprimem estruturas profundas, desencadeando uma determinada ação.
De todas as regiões do organismo, a parede abdominal é, provavelmente, uma das que mais freqüentemente acumula gordura, a qual se deposita no subcutâneo. A parede abdominal é sujeita à alterações importantes em determinadas fases do ciclo de vida de alguns indivíduos.
Nas mulheres, durante a gestação, pela presença de uma massa (o feto), que se desenvolve de maneira bastante volumosa no interior da cavidade uterina, ocorre um aumento importante de toda a cavidade, fazendo com que a musculatura, em determinadas circunstâncias, possa sofrer alterações, com o afastamento das massas musculares na linha média. Exatamente na linha média existe uma linha vertical que passa pela cicatriz umbilical onde os grupamentos musculares do lado direito e do lado esquerdo fundem-se. Quando ocorre o aumento intra-abdominal gestacional, esta linha pode sofrer um processo de afastamento.
Esse esgarçamento faz com que, na linha média, possam aparecer hérnias. Hérnias são zonas de fragilidade da parede muscular que permitem a saída de vísceras (porções de intestino) de dentro da cavidade para o exterior. Essas hérnias podem tornar-se mais ou menos volumosas, dependendo do grau de pressão intra-abdominal e do grau de alteração da parede muscular.
Essas modificações internas manifestam-se na porção externa da parede abdominal com alterações mais ou menos volumosas. Sabe-se que mulheres que têm gestações sucessivas apresentam mais facilidade para o aparecimento desse quadro.
Pelas razões acima explicadas - patologias ou doenças da parede abdominal - é necessário, com maior ou menor freqüência, a correção cirúrgica da parede abdominal. A cirurgia da parede abdominal é denominada de abdominoplastia.
A abdominoplastia visa a correção funcional e estética da parede abdominal. Dependendo do tipo de anormalidade, pode ser necessária a correção dos elementos profundos, musculares, ou os da superfície, com a retirada dos excessos gordurosos.
No homem também ocorrem alterações da parede abdominal, fundamentalmente por conta de flacidez da musculatura e devido a acúmulo gorduroso na porção abdominal inferior abaixo da cicatriz umbilical. Quando gestações sucessivas causam alterações na parede abdominal da mulher, ou quando, tanto na mulher quanto no homem, o excesso de depósito de tecido gorduroso desencadeia uma saliência não estética, ou ainda, após um extenso emagrecimento, o excesso de tecidos resultantes no abdômen pode exigir correção. Nessas situações, cabe ao cirurgião plástico a correção desses defeitos.
O tipo de anestesia a ser utilizado nessa intervenção cirúrgica pode ser combinado com o cirurgião ou com o anestesista em uma visita pré-operatória.
COMO É FEITA A CIRURGIA?
Durante a cirurgia é realizada uma incisão com o mesmo posicionamento da incisão habitualmente utilizada na cesariana. Entretanto, é importante frisar que a incisão utilizada na abdominoplastia é bem mais longa. É feito então um descolamento amplo em toda a parede anterior e lateral do abdome. Com este campo operatório preparado, a parede muscular pode ser examinada detidamente e as alterações corrigidas minuciosamente.
Corrigidos os defeitos dos elementos profundos e superficiais, é feito então o fechamento da parede e a recolocação da cicatriz umbilical em sua posição normal. O paciente é posicionado na cama de forma semi-fletida (dobrada), o que impede a tração nos tecidos trabalhados. Em geral, a hospitalização para esse tipo de procedimento cirúrgico dura de dois a três dias.
COMO É O PÓS-OPERATÓRIO?
Durante as primeiras semanas de pós-operatório, o paciente não deve realizar esforços físicos, pois existe o risco de abertura das suturas realizadas na musculatura. Depois desse tempo, gradualmente, o paciente vai voltando à sua vida normal, e os esforços podem tornar a fazer parte da sua rotina. A cicatriz resultante dependerá fundamentalmente da qualidade de cicatrização desse paciente em particular. Cada indivíduo apresenta uma peculiaridade especial no que diz respeito à cicatrização. Existem indivíduos que após uma cirurgia desse tipo ficam com uma cicatriz quase imperceptível. Outros, entretanto, formam cicatrizes hipertróficas ou queloideanas que alteram o resultado final satisfatório do procedimento. Claro que sempre existirá a possibilidade de tentativa de melhoria dessas cicatrizes.
A cicatrização é um fenômeno que depende de elementos intrínsecos e extrínsecos. Os fatores extrínsecos dependem do cuidado com o manejo dos tecidos. Os fatores intrínsecos dependem fundamentalmente das características genéticas e pessoais do indivíduo. Existem situações em que, apesar de todos os cuidados, o resultado das cicatrizes não é de boa qualidade, pois as características do indivíduo não permitem uma cicatrização esteticamente satisfatória.
Fonte: ABC da saúde